VIDA E OBRA DO ESCRITOR ANGOLANO, ANÍBAL SIMÕES

Por Katssekya Samuel



Eu estava na sala, sentada numa cadeira em madeira com o meu portátil ligado por cima da mesa entre os meus livros de psicologia da saúde e o meu estojo de material escolar, no apartamento onde vivia como estudante. Preparava-me para mais um exame da cadeira de Doente Terminal (Psicologia da Saúde). Depois de tanto fazer pesquisa na internet sobre esta grande área do saber, foi então que, para relaxar, resolvi fazer um curto intervalo.

Nisso, resolvi, então, fazer mais uma pesquisa na internet e, foi desta forma, que me deparei com um artigo que falava sobre os grandes escritores angolanos. Bem, na verdade, em Angola existem muitos escritores; bons escritores, excelentes escritores e, tal como acontece em todas as partes do mundo também existem maus escritores, mas eu não quero centrar-me nestes, pois sou da opinião de que até os péssimos tem algum valor, porque o mais importante é que conseguiram apresentar um trabalho e nós louvamos por isso e Angola agradece.

Nesse artigo, deparei-me com a citação do grande escritor angolano Henriques Abranches onde fazia referência a três escritores angolanos como sendo os melhores de Angola no que diz respeito ao resgate dos valores culturais que dizem respeito à nossa identidade cultural, ou seja, Aníbal Simões (Cikakata Mbalundu), Arnaldo Santos e Ruy Duarte de Carvalho, para além dele próprio. Os meus olhos ficaram colados no pc ao ler aquelas palavras onde fazia referência aos angolanos para lerem o livro de um desses escritores, o primeiro, que tanto admiro. Abranches, nessa entrevista no Jornal de Angola, dizia que quem estiver interessado em conhecer e perceber as especificidades da cultura angolana, muito antes da chegada dos portugueses, deveria ler “O feitiço da Rama de Abóbora” de Aníbal Simões (Cikakata Mbalundu).

Como eu já tinha lido outro livro do mesmo autor como o título “ Entre a Morte e Luz” e gostei imenso, então pus-me a procurar o romance “ O Feitiço de Rama de Abóbora” nas livrarias online. Uma vez que não obtive nenhuma resposta, decidi ir à FNC, fazer uma encomenda. Semanas depois a FNC ligava-me dizendo-me que, infelizmente, não fora possível efectuar a minha encomenda, porque o livro se encontrava esgotado. Até a esta data, continuo a espera que a editora publique uma segunda edição desta obra então rica e recomendada por muitos estudiosos da área da literatura.

Momentos depois, surgiu-me na cabeça uma grande curiosidade de querer saber mais sobre este grande escritor angolano. Assim sendo, fui fazendo a as minhas buscas com objectivo de obter mais informações acerca desta figura da etnia Ovimbundu de Angola .















Aníbal Simões, tem como pseudónimo Cikakata Mbalundu. Nasceu no Município do Bailundo , província do Huambo, no dia 28 de Janeiro de 1955. Fez o seu doutoramento na Universidade do Minho, Portugal, em Psicologia da Educacional, actualmente reside no Lubango com a sua esposa e seus queridos filhos, onde exerce o cargo de investigador e docente na Universidade Pública de Angola “Agostinho Neto”, no Instituto Superior de Educação.
Relativamente à actividade literária observamos que esteve mais activo nos anos 80 assim sendo , temos a destacar o seguinte:
a) Foi fundador e membro da Brigada Jovem de Literatura da Huíla e de Angola ;
b) Foi responsável pela publicação do “ Caderno Hexàgno”;
c) Tem participação em diversos jornais de Angola, e em participação em diversas conferências ;
d) Tem as seguintes obras publicadas: Cipembúwa (1986), com a qual ganhou a menção honrosa de do prémio sonangol de literatura;
e) O Feitiço de a Rama de Abóbora (1991), com o qual ganhou o 1º prémio Sonangol de literatura em 1991;
f) Entre a Morte e a Luz (2002);
g) Participou também no concurso de literatura da Leya em Portugal;









Excerto do Romance “ Entre a Morte e a Luz”

Regressei a Nguendo depois de muitos anos. Pensava-se, na altura, que a guerra havia terminado de uma vez por todas. Trazia às costas uma mochila com vestuário e acessórios higiene. Decorria o mês de Julho. A aldeia cobria-se, quase por completo com a cinza das queimadas levada pelo vento frio e seco que soprava das montanhas.
Passei por um trilho, á esquerda das trincheiras que separavam da aldeia do rio.
Não havia árvores e mesmo o capim era reduzido. Assim que avançava para chegar às nossas propriedades, notei que o meu coração palpitava.
Inclusivamente, não pude evitar que as lágrimas me deslizassem pelo rosto.
Não chorava por me terem vindo á memória, imagens das quais nunca me libertarei:
Os meus pais mortos algures na floresta e cobertos pela área levantada pelo vento.
A angústia causada pela perda deles fora i expurgada pelo tempo. Assim, o que mais me afligiu naquele momento foi o silencio que pairava nas redondezas e como o eucalipto e o pinheiro – uma das razões da existência de meu pai – havia sido varrido…………….. Continua.





Referência bibliográfica: Aníbal Simões, (2002). Entre a Morte e a Luz. Editora: Nzila Letras Angolanas. Enciclopédia livre, Wikipédia.

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